Jovens com armas dentro de quartel da Aeronáutica no Recife
Foto 5 de 6 - Uma das três jovens, Mércia Cristina Vieira da Silva se exibe com arma que, posteriormente, mataria a amiga Monique Valéria Mais Polícia Civil/Divulgação
Nas imagens, as garotas se exibem ao posar para fotos com armas de uso restrito à Aeronáutica.
De acordo com a polícia, Monique de Freitas confirmou à mãe da vítima que teria disparado um tiro acidentalmente quando manuseava a arma de um dos soldados e atingido no rosto a amiga Monique Valéria. A jovem morreu na hora.
Segundo a polícia, uma das garotas contou que elas entraram escondidas, abaixadas no banco de trás do carro de um dos soldados, na base da Aeronáutica, a convite de um dos militares. Em depoimento, Monique de Freitas e Mércia Cristina relataram que passaram a noite consumido bebidas alcoólicas junto com os soldados e que, em determinado momento, as três jovens começaram a brincar com as armas. As jovens contaram que teriam sido avisadas de que as armas estavam sem munição.
“As jovens alegaram que o tiro ocorreu de forma acidental, que elas estariam manuseando uma pistola de um dos soldados, mas que não sabiam que a arma estava com munição”, disse o delegado responsável pelas investigações do caso, Igor Tenório Leite, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
A família da vítima relatou à polícia que elas informaram que iriam se divertir num clube em Recife, mas no trajeto uma das amigas teria recebido uma ligação de um dos soldados, convidando-as para a base da Aeronáutica, onde ocorreu o incidente.
A perícia está realizando o exame balístico para apontar o calibre e analisar o projétil para saber qual foi a arma que efetuou o disparo e atingiu a jovem.
Os três militares ainda não confirmaram ou negaram a versão. Eles devem prestar depoimento somente na próxima sexta-feira (12).
O delegado informou que nesta quarta-feira estará ouvindo novamente as jovens e as famílias para colher mais informações sobre o ocorrido.
Os militares envolvidos e as garotas estão sendo investigados pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil de Pernambuco. O inquérito está apurando a conduta de cada envolvido no incidente e a caracterização de homicídio culposo. O delegado Igor Leite tem 30 dias para concluir os procedimentos.
Aeronáutica investiga acesso de jovens
Em nota, o Comando da Aeronáutica informou que os militares envolvidos no caso foram presos em flagrante pelos crimes de abandono de local de serviço, consumo de bebida alcoólica no quartel e a responsabilidade da posse das armas.A Aeronáutica afirmou que abriu um inquérito policial para investigar a responsabilidade da entrada das jovens no quartel. O comando ressaltou ainda que não está investigando a morte da jovem, mas que “prestará todo o apoio necessário ao processo investigatório”.
A polícia informou que antes das jovens confirmarem que estavam no quartel quando Monique Valéria tinha sido baleada, elas relataram que a amiga tinha sido vítima de bala perdida.
De acordo com o delegado Igor Leite, no primeiro depoimento que Monique de Freitas e Mércia Cristina prestaram à polícia, ainda na madrugada do sábado (7), as jovens disseram que a amiga Monique Valéria teria sido baleada na rua por uma pessoa não identificada.
Mas a afirmação foi mudada no dia seguinte por uma das jovens, ao ser ouvida na delegacia de plantão. A jovem, que não foi identificada, relatou que ela e a amiga foram pressionadas pelos soldados da Aeronáutica envolvidos no incidente que contassem que a Monique Valéria tinha sido vítima de bala perdida, em uma rua próximo ao quartel.
“Elas disseram que pediram socorro na base da Aeronáutica e não sabiam de onde tinha ocorrido o disparo na via pública, mas no dia seguinte uma delas entrou em contradição”, disse Igor Tenório Leite.
O delegado afirmou que “a versão fantasiosa das garotas” teria sido desencontrada com indícios iniciais que foram confirmados no segundo depoimento. “Elas contaram detalhes que se chocaram com outras informações e terminaram confessando que os militares pressionaram para que elas os tirassem do caso”.
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